terça-feira, setembro 04, 2012

50 dias

Já se passaram todos esses dias desde a minha cirurgia. Se foram 14,2kg! Uma enorme vitória, 29,6% da minha meta de emagrecimento.

Ainda estou me adaptando, descobrindo quais alimentos caem bem ou não, aprendendo a velocidade que devo comer e as quantias corretas.

Como não poderia deixar de ser, já vomitei algumas vezes: uma por comer o que não devia (maionese), uma por comer rápido, com pressa, e uma que não tenho certeza se comi algo que não caiu bem (suspeito da beterraba) ou se por comer além do que deveria. Também já tive dumping, bem leve, apenas enjôo, dor de cabeça e vermelhidão. Foi com damasco seco, o que me frustrou um pouco, pois já havia comido antes sem problemas. Tenho engasgado com carnes mais secas, principalmente de frango, mas isso também é comum.

Os problemas como chateação, frustração e tristeza ocasionais permanecem. Isso também é difícil de se evitar, e faz parte da recuperação. As tentações existem, estão por todos os lados. Comer na rua é uma tortura, pois vejo muitos alimentos que gostaria de comer, mas ainda não devo. Vejo pessoas bebendo refrigerante, algo que sinto muita falta, e fico morrendo de vontade, mas sei que não está na hora.

E enfrento tudo isso quase diariamente, pois além de muitas vezes ter que comer na rua, com minhas 6 horas de estágio acabo precisando lanchar fora com alguma frequência.

Mas sei que tudo isso é pelo meu bem. Porém fico ansiosa para completar os 6 meses de cirurgia e poder voltar à vida normal. Poder comer doces ocasionalmente, poder experimentar refrigerante, nem que seja para ver que não vale a pena. Estar com o estômago totalmente cicatrizado e deixar de ter tanto receio de ter ruptura de pontos internos.

Mas fico extremamente chateada quando comento esse tipo de coisa e escuto respostas como "Não pode! Assim vai jogar a cirurgia fora!" ou "Não, você nunca mais vai comer como antes!"

Por mais que seja por zelo, preocupação e amor, incomoda que as pessoas não sejam capazes de entender que, dentro de algum tempo, poderei fazer tudo o que uma pessoa normal faz, ter uma vida normal, inclusive em termos alimentares. Não significa que vou voltar a comer como antes. Por acaso eu tinha uma vida normal? Óbvio que não! Minha relação com a comida era doentia!
Mas após os seis meses, poderei comer de tudo! Porém de forma moderada, saudável.

Para encerrar, meu primeiro antes e depois


             Dia da cirurgia 16/07                                                            Dia 30/08

sábado, agosto 11, 2012

Sentimentos em ebulição

Estou com 26 dias de cirurgia, e hoje tive um dia bem fora de padrão.

Voltei às aulas de japonês, fui a um show de tarde, com minha mãe, minha irmã e o Cláudio, e o Júnior está internado.

Desde a última postagem, já li um livro e meio, e já fui ao cinema! Ótimo para alguém que mal estava conseguindo ler três páginas, não?

Meu aniversário foi no domingo passado, e passei a tarde vendo alguns de meus filmes favoritos da Disney com meus primos João Lucas e Luizinho, minha mana,futura madrinha melhor amiga Bárbara Traicy, minha irmãzinha, minha cunhadinha e meu noivo, claro. Assistimos A Bela e a Fera, O Corcunda de Notredame e Hércules. Foi um dia bastante gostoso.
Como era o primeiro dia da dieta pastosa, resolvemos ousar um pouco: o café da manhã foi uma torrada com requeijão, meio copo de suco de laranja e alguns biscoitinhos diet. O almoço foi suflê de palmito, de tarde meu lanche foi um cupcake diet que minha mãe fez, e jantei um macarrão bem cozidinho. Me dei bem com a nova dieta, exceto por um ligeiro mal estar no almoço, por ter comido meio rápido.

Mas voltando ao dia de hoje. Estou com meus sentimentos bastante balançados, por múltiplos fatores.
O Júnior internou, como eu havia dito, e não será uma internação de um dia. Como a internação atrasou, os exames já haviam vencido, de forma que terão que ser repetidos, acrescentando um dia à internação. E se ele não estiver no peso correto, acima dos 60kg, terá que tomar a medicação de duas vezes, o que significará mais um dia no hospital. E, recém operada, não me atrevo a passar as tardes em uma enfermaria da Santa Casa de Saúde, e colocar a minha saúde em risco. Ou seja, ficarei sem sequer vê-lo enquanto estiver no hospital.
E como passei grande parte do dia na rua, fiquei exposta a diversas tentações alimentares. Isso me levou a ficar muito frustrada, tanto com todas as restrições pelas quais estou passando, pois ainda estou na dieta pastosa, quanto por ter chegado a tal ponto de peso que se fez necessário fazer essa cirurgia.
Eu sei que é para o meu bem, eu sei que é temporário, eu sei que vai valer a pena. Também sei que esse tipo de sentimento é coisa passageira. Mas ele existe, e está incomodando.

Segunda-feira minha situação deve ficar menos pesada, pois terei minha primeira consulta com a nutricionista Juliana Papini, e espero que ela me ajude a encontrar variedades para o "tédio alimentar" no qual a gente invariavelmente acaba caindo durante essas dietas, e me ajude a lidar bem com a dieta branda, que iniciarei em breve. Em especial, espero que ela me ajude com os dias nos quais terei que comer na rua. Terei, porque duas vezes por semana terei aulas pela manhã, e de lá irei para o estágio, sem ter como passar em casa. E tem o próprio estágio, cuja duração é de 6 horas, de forma que terei que fazer 2 lanches por lá, para manter a alimentação a cada três horas.


PS.: Depois atualizo o post com fotos do aniversário

sexta-feira, julho 20, 2012

Sobre os primeiros dias

As dores vem, e incomodam mesmo. E a vontade é ficar na cama, mas não pode! Quanto mais ficar na cama, mais gás acumula, e mais dor você sente. Andar e ficar sentado é obrigatório para você se sentir bem, não opcional.

Mas as dores vão abrandando, cada dia dói um pouco menos. Acredito que completarei uma semana quase sem dores.

No começo o sono é complicado de conciliar, só hoje, no quarto dia, fui acordar depois de uma boa noite de sono. No entanto, de noite, antes de dormir, veio uma dor tensa. Cheguei a tomar tilex! Mas não era nada de mais, e logo passou.

A alimentação é muito fácil, fora uma ou outra tentação, que só de pensar em colocar na boca me dá resistência. É vital seguir a dieta, e o tenho feito direitinho.

Concentrar é outra tristeza, mal conseguir ler três páginas do meu livro, e nem ver filme. Não consigo ficar parada na mesma posição tempo o suficiente.

quinta-feira, julho 19, 2012

Fora do hospital

A cirurgia foi tranquila, e rápida, pelo que me disseram. Passei dois dias no Biocor, tendo alta ontem de noite. Vim para a casa da tia Liz, onde ficarei por alguns dias.

Até ontem, fiquei meio desorientada com as dores, não e preparei o bastante para elas. Hoje já notei que elas diminuíram. Ainda estão aqui, mas menores. A vontade é de ficar na cama,mas isso aumenta o acúmulo de gases, e as dores, então vou dar um jeito de passar o dia acordada e sentada.

Estou satisfeita por ter tomado essa decisão, embora eu vá fcar ainda mais realizada quando as dores sumirem!

domingo, julho 15, 2012

Enfim, quase lá!

Minha cirurgia será amanhã, às 13h, no Biocor.

Estou muito ansiosa, e muito feliz!

Fiz todas as despedidas que quis: tomei refrigerantes, fui a um rodízio de massa, a um festival de comida japonesa, tomei sorvetes (apesar da sensibilidade nos dentes), comi doces até enjoar... E fiquei impressionada ao constatar que quase nada disso vale tanto a pena. Posso até sentir falta, mas não vai ser tanta assim.

Também já montei minha malinha para a internação.

Lista:

-Duas camisolas/ pijamas confortáveis Ok, comprei com bastante antecedência
-Um robe/roupão Ok, vó Ivelly e tia Leslei providenciaram
-Escova e pasta de dentes Ok, vó Ivelly me deu
-Shampoo, condicionador, creme, escova de cabelos Ok
-Modelador Yoga Ok, comprei sexta
-Meias anti-trombo Ok, tia Liz me deu
-Roupa íntima para 3 a 4 dias Ok
-Livros Ok, Game of Thrones preparadíssimo!
-Palavra cruzada Ok, vó me deu
-Fé e Confiança de que vai dar tudo certo OK!!!

Quanto às meias, está sendo mega difícil achar para o meu tamanho. É fogo. Mas é uma das últimas vezes que passarei por isso.

Ontem fui à missa com a minha avó, e o padre me deu a Unção dos Enfermos. Era o último toque que faltava, acredito.

Na segunda tenho que estar no hospital às 12h, e ainda tenho coisas a fazer de manhã. Deus me ajude!

quinta-feira, julho 12, 2012

Grandes novas!


Fiquei um tempo sem postar nada sobre a cirurgia porque estava esperando a confirmação final: a perícia.

Passei pela perícia no dia 10, e foi muito tranquila. O médico era simpático e não estava lá para dificultar as coisas, como eu havia imaginado anteriormente.

Minha cirurgia está marcada para o dia 16, e estou com a ansiedade a toda! É enorme a vontade de passar logo por tudo isso e chegar ao meu Recomeço.

Sobre prazos e datas:

Minha primeira consulta com o Dr. Paulo de Tarso Vaz, meu cirurgião, foi no começo de março. Na semana seguinte já fiz o ultrassom e a endoscopia digestiva. Além disso o médico me passou guias para procurar Endocrinologista, Psiquiatra, Pneumologista e Nutricionista.

A nutricionista que escolhi foi a Caroline de Oliveira. Ela atende pela UNIMED, no Centro de Saúde da Paracatu, e fez um laudo com meu peso, altura, histórico de tentativas de emagrecer e histórico familiar. Ela também já me passou, neste momento, a dieta dos primeiros vinte dias.

A endocrinologista foi a Dra. Maria de Fátima, da equipe do Dr. Paulo na Gastrocenter. Muito simpática, perguntou meu histórico e passou um mundo de exames, nunca tirei tanto sangue de uma vez!

O psiquiatra foi o Dr. João Penteado, que já havia me atendido antes, no ano passado.

O pneumologista foi o Dr. Silvio Musman, ele fez meu risco cirúrgico pneumológico.

Esse processo de consultas e exames levou aproximadamente dois meses, em parte porque alguns médicos são meio difíceis de conseguir horário, e em parte porque comecei a trabalhar em abril e isso me deixou com horários menos disponíveis.

Por fim teve a Dra. Flávia, cardiologista da Gastrocenter, que fez meu risco cirurgico cardíaco, e foi muito legal comigo, já que me atendeu em um dia bastante triste, tínhamos acabado de dar adeus à nossa poodle Pandora.

Passada essa etapa, retornei ao cirurgião e marcamos uma primeira data para a cirurgia, seria dia 26 de julho. Entretanto, houve certa complicação com atrasos, e dei entrada com o pedido de autorização junto à UNIMED no dia 11 de junho, 15 dias antes da data marcada, e a agenda de perícia deles estava cheia. Só tinha vaga para o dia 10, e isso provocou certo adiamento.

Ou seja, levei pouco mais de 4 meses entre o primeiro contato com o Dr. Paulo e a cirurgia, e poderia ter sido menos, se eu tivesse conseguido maior agilidade com as consultas, exames e a perícia.

Amanhã terei minha consulta final com o médico para pegar as orientações pré-cirúrgicas e tirar dúvidas. E farei outro post com essas informações, se Deus quiser.

sexta-feira, junho 15, 2012

Lúpus


O enfoque principal deste blog, por ora, é minha cirurgia e minha vida após ela. No entanto, estou temporariamente sem novidades sobre isso. Para não deixar o blog tão parado, resolvi escrever um post de utilidade pública.

Como foi dito na postagem "Meus Motivos", meu noivo, Júnior, tem Lúpus, e passou anos sem saber disso, com a doença progredindo e ameaçando sua vida. Um dos principais problemas é a falta de informação. Poucas pessoas sabem o que é essa doença, e um número ainda menor delas sabe que homens também tem Lúpus. Tanto é que na Santa Casa de Saúde de Belo Horizonte, a área de Reumatologia tem um quarto na ala feminina que é reservado às pacientes com Lúpus, enquanto que eles têm apenas UM leito na ala masculina para pacientes com essa mesma doença.

Vou tentar dar mais enfoque na doença afetando homens, visto que muito se fala a respeito da mesma quando afeta mulheres.




O QUE É LÚPUS?

Trata-se de uma doença autoimune, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Isso significa que os sistemas de defesa do organismo atacam outras partes do próprio organismo. É uma doença mais comum em mulheres, surgindo entre os 20 e 40 anos É classificada em três categorias:


LUPUS ERITOMATOSO DISCÓIDE (LED) - É limitado à pele, manifestando-se no rosto e outras áreas expostas ao sol, em manchas que podem se assemelhar a urticária, reação alérgica, queimaduras ou verrugas. Pode evoluir para LES.


LUPUS ERITOMATOSO SISTÊMICO (LES) - Forma mais grave da doença, que afeta quase todos os órgãos e sistemas.


LUPUS INDUZIDO POR DROGAS - Similar ao LES, mas manifesta-se devido ao uso de certos medicamentos ou drogas. Em geral desaparece quando tais medicamentos são suspensos.

SINTOMAS?

O sistema imunológico em desequilíbrio pode atingir qualquer tecido do corpo. O mais comum é que se manifeste inicialmente na pele, causando urticária, e nas juntas, provocando dor e inchaços semelhantes aos da artrite. A seguir, é comum que a doença afete os rins, mas ela também pode afetar pulmão, coração, cérebro, etc. Como é uma doença que afeta tantas áreas, o Lúpus possui diversos sintomas, que muitas vezes não parecem ter relação entre si. Isso dificulta muito o diagnóstico.

 
Eritema Malar - irritação facial em forma de "asa de borboleta"








O diagnóstico de LES é estabelecido quando 4 ou mais critérios dos abaixo relacionados estiverem presentes:

Eritema malar (vermelhidão característica no nariz e face), geralmente em forma de “asa de borboleta”.

Lesões discóides cutâneas (rash discóide).

Fotossensibilidade.

Úlceras orais e/ou nasofaríngeas, observadas pelo médico.

Artrite não-erosiva de duas ou mais articulações periféricas, com dor, edema ou efusão.

Alterações hematológicas (anemia hemolítica ou leucopenia, linfocitopenia ou plaquetopenia) na ausência de uma droga que possa produzir achados semelhantes.

Anormalidades imunológicas (anticorpo antiDNA de dupla hélice, antiSm, antifosfolipídio e/ou teste sorológico falso-positivo para sífilis).

Fator antinuclear (FAN) positivo.

Serosite (pleurite ou pericardite).

Alterações neurológicas: convulsões ou psicose sem outra causa aparente.

Anormalidades em exames de função renal: proteinúria (eliminação de proteínas através da urina) maior do que 0,5 g por dia ou presença de cilindros celulares no exame microscópico de urina.

Principais sintomas

Porém, somente 75 em 100 pacientes apresentaram 4 ou mais desses sintomas.

No caso do Júnior, ele tinha dores e inchaços nas juntas, urticária, dores pelo corpo, febre, insônia, depressão, emagrecimento súbito, dores de cabeça, anemia, deficiência renal, lapsos de memória, fotossensibilidade, inflamação da pleura. Esses são os sintomas de antes do diagnóstico. Após ele, e antes do tratamento ter tempo de fazer efeito real, ele ainda teve uma vasculite (inflamação de um vaso sanguíneo, no caso dele, no cérebro), convulsões, aumento de pressão arterial e chegou a entrar em coma.

QUAL MÉDICO PROCURAR?

O diagnóstico geralmente vem de Reumatologistas, Clínicos Gerais ou Dermatlogistas. Surpreendi-me ao saber dessa última parte, através da minha dermatologista.

No entanto, ironias da vida, Júnior viu alguns reumatologistas antes de ser diagnosticado. E mesmo assim o médico da Santa Casa passou dias achando que ele tinha HIV, até ser convencido de que era Lúpus.

CAUSAS?

É difícil precisar. Lúpus é uma doença que pode ser transmitida geneticamente. Também pode ser induzida pelo uso de certos medicamentos. Também pode ser desencadeada por alguma doença, e até mesmo por fatores psicológicos, como o estresse. DESENCADEADA, não causada. Inclusive, estando o paciente em um momento de inatividade da doença, um grande estresse pode fazer com que entre em crise.

DIAGNÓSTICO:

É dado por um conjunto de exames de sangue, além da listagem de critérios anteriormente mencionada. O primeiro desses exames é o FAN. Foi através dele que conseguimos ter o diagnóstico do Júnior. Devo ressaltar que o exame FAN pode dar falso-negativo. É necessário repetir o exame de tempos em tempos, caso você suspeite de Lúpus e tenha resultado negativo.

TRATAMENTO?

É importante ressaltar que LES é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. Fazendo o devido tratamento e acompanhamento médico regular, a pessoa pode ter uma vida quase normal, podendo passar vários anos sem nenhuma crise. A taxa de fatalidades não é alta, caso a doença seja diagnosticada a tempo.

No entanto, sem um diagnóstico, é comum que a doença leve a óbito até aproximadamente 5 anos após suas primeiras manifestações.

O tratamento é baseado em corticosteroides e imunossupressores. O acompanhamento psicológico também é altamente recomendado.

VERDADES E MENTIRAS SOBRE LÚPUS

Estresse emocional causa lúpus? 

Não. Emoções negativas como a perda de um parente próximo ou uma separação, podem desencadear os sintomas iniciais da doença ou provocar uma reativação. Esses fatores não são a causa, mas contribuem para sua exacerbação (reativação).

Quem tem LES tem mais chance de ter uma infecção? 

Como sabemos, o lúpus é uma doença que interfere com o sistema imunológico, que é o nosso sistema de defesa contra as infecções de uma forma geral. Este desequilíbrio facilita um pouco o aparecimento de infecções. Por outro lado, na maioria das vezes, as infecções nas pessoas com LES, são facilitadas pelo uso de alguns medicamentos (corticoides e imunossupressores) que ao inibirem a produção excessiva de anticorpos, inibem alguns dos mecanismos naturais de defesa do nosso organismo.

O lúpus tem cura? 

O LES é uma doença crônica que passa por períodos de atividade e períodos de remissão. Logo nessas fases (remissão), a pessoa pode ficar totalmente bem, sem qualquer sintoma, mas isso não significa que o distúrbio imunológico que “causou” o LES, foi corrigido definitivamente. Logo, o ideal é que consideremos o LES como uma doença crônica, que pode ficar sem sintomas, mas sempre vai necessitar de um acompanhamento médico contínuo.

Há algum problema de usar remédios para outras doenças já usando os medicamentos para lúpus? 

Possivelmente sim. A única forma de saber é discutindo com o seu reumatologista a receita toda. Embora ocorra raramente, alguns remédios para tratamento da hipertensão, alguns antibióticos, remédios para o colesterol e mesmo alguns para tratamento de infecções por fungos, podem provocar sintomas semelhantes aos do lúpus ou interferir com os do lúpus.

Os remédios para o lúpus sempre deixam a pessoa inchada? 

Não. No entanto os corticoides quando em doses altas, para as fases mais ativas e graves da doença, podem deixar a pessoa inchada. Outro aspecto é que os corticoides aumentam o apetite. Logo, quando for necessário o uso de doses altas desses medicamentos, é necessário controlar a dieta e manter uma atividade física regular. O seu reumatologista sempre tentará usar a menor dose possível e essa tende a ser bem baixa após o controle da fase ativa da doença e, as doses baixas de corticoide causam  pouco ou nenhum inchaço.

O lúpus pode causar trombose? 

Não. No entanto a síndrome antifosfolipídeo que pode estar presente em associação com o LES em algumas pessoas, causa tromboses.

Quem tem LES pode se aposentar por doença? 

Não. A maioria das pessoas com LES pode ter uma vida produtiva cuidando da casa, trabalhando fora, estudando etc. No entanto, algumas pessoas têm uma evolução mais complicada e perdem a capacidade produtiva. Nesses casos isolados, que ocorrem com quem tem lúpus e também com quem tem outras doenças, pode haver indicação de algum benefício da previdência social.

É possível a pessoa ter duas doenças autoimunes juntas? 

Sim. A pessoa que tem uma doença autoimune tem na verdade, um distúrbio do seu sistema imunológico que favorece o desenvolvimento de uma ou mais doenças imunológicas. A síndrome antifosfolipídeo é uma doença que se associa em muitos pacientes com LES.

Outras doenças podem ter os mesmos sintomas de LES

Sim. Os sintomas do lúpus não são exatamente exclusivos. Pessoas que tem hanseníase, hepatite C, rubéola ou outras doenças autoimunes podem desenvolver sintomas muito parecidos e podem também ter o exame de FAN positivo sem que tenham lúpus.

Quem tem LES tem mais problemas de coração ou de câncer? 

Sim. À semelhança de várias outras doenças inflamatórias, pessoas com LES tendem a ter mais doenças cardiovasculares.

A hipertensão, o colesterol elevado e a insuficiência renal, todas as condições que são mais frequentes em quem tem LES, contribuem significativamente para a maior frequência das doenças do coração e por isso merecem atenção especial durante o cuidado com o LES de uma forma geral.

Por outro lado, o risco de câncer é praticamente o mesmo da população em geral (apesar desse risco ser discretamente maior) e por isso, pessoas LES também devem atentar para as medidas de prevenção, que incluem principalmente cuidados quanto ao câncer de mama e do colo do útero.

E se a pessoa tiver os sintomas de LES e o exame de FAN for negativo, a pessoa pode ainda assim ter LES

Sim. Mas espera-se que todas as pessoas portadoras de LES apresentem, ao longo de sua evolução, o exame do FAN positivo.

Quem tem LES pode tomar vacinas?

Sim. Algumas vacinas devem ser usadas por quem tem LES porque aumentam as defesas e dentre essas as mais importantes são as contra a pneumonia pneumocócica e as contra o vírus da gripe além das geralmente indicadas no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Se a pessoa com LES estiver usando imunossupressores, incluindo os corticoides, não deve receber as vacinas com vírus vivos atenuados como as da febre amarela, varicela, rotavírus e Sabin.

Quando o tempo está nublado, também é necessário proteger-se com fotoprotetor?

Sim. A maioria das pessoas com lúpus tem sensibilidade ao sol, e essa sensibilidade não é só à luz direta do sol, mas à claridade. Logo, mesmo nos dias nublados e na sombra de uma forma geral, é necessário usar fotoprotetor e preferencialmente cobrir-se com uma blusa fina.

Existem produtos “naturais” ou vacinas que melhorem a imunidade? 

Não. A melhor atitude para melhorar a imunidade é manter uma vida saudável, incluindo uma dieta balanceada, sem álcool, cigarro ou excessos dietéticos. Não existem produtos que melhorem a imunidade e alguns podem mesmo prejudicar a sistema imunológico.

Uma curiosidade extra:

A respeito de tatuagens, não encontrei um concenso. Os médicos não recomendam, devido à própria natureza da doença. Se o sistema imunológico reagir à tintura, a pessoa pode ter uma recaída, ou mesmo a formação de quelóide no local da tatuagem. Por outro lado, sei de portadores de Lúpus de fizeram tatuagens e não tiveram nenhum tipo de problema.

Tirei essas informações da Cartilha sobre LES da Sociedade Brasileira de Reumatologia, da Wikipédia e de conhecimentos que reuni ao longo desse processo de tratamento do Júnior. Imagens retiradas do Google,  se identificarem a fonte de alguma delas me falem que eu coloco os devidos créditos.

quinta-feira, maio 31, 2012

Absurdos que a gente lê

Este blog tem como objetivo ser um diário meu, a respeito da cirurgia que vou fazer. E também para servir de guia para outras pessoas que pretendam fazê-la, como outros blogs de outras pessoas me serviram de guia.

Abri espaço para respostas porque quero retorno, seja dos meus parentes e amigos, muitos dos quais vão acompanhar tudo de longe, seja de pessoas que querem tirar dúvidas.

Mas isso aqui é um blog, não um fórum. Se quiser comentar, seja pertinente ao assunto. Se quer comentar contra, tudo bem. Mas se identifique. Ou pelo menos não me ofenda. Vou preservar comentários de quem é contrário à cirurgia, mas não vou tolerar ofensas vazias de gente que pelo jeito nem me conhece.

Só vou manter a permissão de comentários anônimos por causa das pessoas que podem ter vontade de fazer a cirurgia, ou curiosidade sobre ela, mas ainda não querem se expor abertamente sobre o assunto.

Para quem a carapuça servir, vai um recadinho

segunda-feira, maio 28, 2012

Meus Motivos

Muitos questionaram e criticaram a minha escolha. Entre estes, aqueles que me deram a oportunidade de expor meus motivos deixaram de ser tão radicais. Então vou explicar minha vida, minha cabeça e meus motivos, além do nome do blog.

Sempre ouvi "ame ao próximo como a ti mesmo". Porém o que sinto é que sempre amei ao próximo mais que a mim. E cansei disso.

Tenho 23 anos, 1,60m de altura e atualmente estou pesando 109kg. Um IMC de quase 43.
Desde pequena enfrento problemas com meu peso. Ainda na infância, por volta dos 9 anos, fiz tratamento com uma endocrinologista, ao longo de 2 anos e meio, e emagreci um bocado.

Voltei a ganhar peso na adolescência, e aos 15 anos emagreci quase 20kg. 
Em 2003

Dois dias depois da minha formatura da 8ª série, sofri um acidente. Entre tratamento, soros, remédios e tudo mais, o peso voltou a subir. Em 2008, no final do 1º período da faculdade, eu estava com 103,5kg e decidi entrar no Vigilantes do Peso. Em pouco mais de um ano, emagreci quase 40kg.


No auge do meu emagrecimento

Então, em 2010, descobrimos que meu tio estava com câncer. Acompanhamos sua batalha, o vimos definhar, vi minha mãe triste, perdendo seu irmão querido, meus priminhos perdendo o pai. Nos primeiros dias de 2011, ele se foi. Nesse tempo, metade do meu peso voltou.
                                     
Tio Lucas, à minha direita, com a camisa do Cruzeiro

Paralelamente, meu noivo, que estava doente há anos, sem diagnostico, decaiu ao mesmo tempo que meu tio. E a este, só pude acompanhar de longe, pois eu estava em BH, e não podia perder os últimos dias do meu tio, e ele estava no RJ, sem forças para viajar.

Quando ele veio para cá, dias depois do falecimento do meu tio, vi o quanto estava mal. O Júnior acabou sendo internado na Santa Casa, e só então, após quase 5 anos, foi diagnosticado com Lúpus. A internação salvou sua vida, mas foi longa, e sofrida. A primeira durou quase um mês. E menos de 3 semanas depois da alta, ele teve uma crise que quase tirou sua vida. Foi novamente internado, ficando no hospital por 12 dias, 2 deles em coma, na UTI.

Agora, graças a Deus e aos médicos ele está bem, mas com tudo isso, claro que o peso terminou de voltar.

Este ano, na minha formatura.

Não é apenas descuido. Sofro de depressão desde novinha, tenho tendência a engordar. Desde que o Júnior teve a crise que quase o levou, sofro de ataques de pânico.

Sim, eu sei que todo mundo tem problemas. Todo mundo passa por dificuldades. Tem gente passando por coisas piores que eu.
Mas, para lidar com essas coisas, nós utilizamos de válvulas de escape. Para alguns, a coisa fica focada em hábitos mais saudáveis, como a música ou os esportes. Para outros, hábitos destrutivos: álcool, drogas, anorexia, bulimia, auto-mutilação. As minhas sempre foram ler, desenhar... E comer.

Provei para mim e para o mundo que consigo emagrecer. Mas isso não basta, é necessário manter o baixo peso. Para conseguir manter meu peso baixo, eu precisaria de alguns anos de vida zen, tranquila... E isso não existe!

A vida não vai parar e me deixar estabilizar meu peso e minha cabeça. Do jeito que estou, fico a cada dia mais deprimida, cansada. Sinto cada vez mais dores, em sua maioria relacionadas ao excesso de peso. Mal consigo subir uma escada de 12 degraus sem ficar com falta de ar. Imagine então fazer caminhada, esteira, exercícios. Por enquanto tenho sorte, meus exames estão todos normais. Mas logo surgirão doenças. Diabetes, pressão alta... As chamadas comorbidades.

Depois de muito pensar, estudar, avaliar, pesquisar e conversar sobre o assunto, buscando todos os prós e contras, optei de modo muito consciente pela cirurgia bariátrica. Sei que existem riscos, mas são os mesmos de qualquer outra cirurgia. Sei que precisarei de acompanhamento médico pelo resto da vida.
No entanto, de que modo seria diferente? Quando eu viesse a desenvolver diabetes, não precisaria tomar remédios pelo resto da vida e ser acompanhada por um médico, da mesma forma?
Já me pediram para esperar um pouco mais, tentar emagrecer por outros métodos mais uma vez. No entanto, não acho sensato esperar. Agora sou jovem, tenho boa saúde, as melhores condições para a recuperação mais rápida e plena possível. Esperar e fazer a operação mais tarde só me colocaria em mais risco, me faria passar por mais sofrimento.

Considero que essa cirurgia vai mudar minha vida para melhor, me abrir um mundo de novas possibilidades. E foi uma escolha feita pensando apenas em mim. Na minha saúde, na minha felicidade, no meu futuro. A aparência é o que menos importou para essa escolha. Por isso o nome do blog é "Aprendendo a me amar". Considero esse meu primeiro grande ato de amor próprio.

sexta-feira, maio 25, 2012

Empolgação

Estou me preparando para uma cirurgia que vai mudar minha vida. Hoje tive um retorno com meu cirurgião, e marcamos uma data. Temos ainda algumas coisinhas a fazer antes, e ainda restam algumas dúvidas.

Estamos avaliando se será feita a cirurgia aberta ou por videolaparoscopia.


Os problemas da laparoscopia: primeiro, no hospital onde meu cirurgião opera, meu plano de saúde não liberou a realização por esse método. Outro é a visualização, que evidentemente é menor, limitada pelas pequenas câmeras. E eu soube de um caso onde a pessoa teve a cirurgia malsucedida, e teve que fazer de novo.


Os problemas da cirurgia aberta: Recuperação um pouco mais difícil, e uma cicatriz.

Particularmente, não me importo tanto assim com a questão da cicatriz. Sou clarinha, e minha cicatrização não é ruim, então daqui um tempo é bem possível que mal dê para vê-la. O cirurgião disse que se sente melhor com a cirurgia aberta, embora tenha dito que, se o plano liberar e eu quiser, fará por videolaparoscopia. Questões a serem debatidas com meu primo Dr. Ivan.

Outra coisa que está em avaliação é a questão do método. Não quero a banda gástrica, e além de eu não querer, meu médico não faz a duodenal switch. Uma outra opção seria o balão intragástrico, mas ele não é definitivo, eu teria que me submeter a outras cirurgias.

Ficamos então entre o Bypass gástrico ou gastroplastia com desvio intestinal em "Y de Roux", popularmente conhecido como Capella, método mais realizando no mundo no Brasil.
Imagem by: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

A outra opção é a Gastrectomia Vertical:
Imagem by: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
Esse segundo método me chamou a atenção por não ter perda de absorção, pois não há nenhum desvio intestinal. Porém, nele o restante do estômago é retirado do corpo, o que não ocorre no primeiro. É um método recente, desenvolvido há 10 anos, e mais praticado nos últimos 5, que tem apresentado bons resultados. 

No entanto o método de Capella já tem 30 anos, é um método mais confiável. E meu médico afirmou que é o que apresenta melhores resultados nos pacientes da minha idade. Nenhum deles voltou a ganhar peso após a cirurgia por esse método, e o organismo jovem é capaz de reajustar seu padrão de absorção, de modo que o intestino desviado não seria um problema permanente. Além disso, qualquer que seja o método, a cirurgia é a mesma, a recuperação é a mesma e as implicações de acompanhamento e suplementos vitamínicos, idem.

Ele também disse que, se ele fosse fazer a operação em si, escolheria Capella. Também um tópico a ser debatido com o Dr. Ivan.

A data eu publico depois da minha avaliação pela junta do plano. =P


quinta-feira, maio 24, 2012

Apresentação

Meu nome é Camila Sanches, tenho 23 anos e estou me formando em Design de Ambientes.


Resolvi criar esse blog para compartilhar minhas experiências nessa etapa que vou começar a viver, além das coisas que descobri e que ainda irei descobrir.